Tuesday, August 9, 2016

Ìjọba Olóri-Ogun àkọ́kọ́ Aguiyi-Ironsi, ou o Governo do General Aguiyi-Ironsi


 
O dia 29 de julho na Nigéria, o pais com maior população negra do mundo (o Brasil tem a segunda) é quase tão importante quanto o dia 1º de outubro quando em 1960, esse pais Oeste Africano obteve sua independência da Grã-Bretanha. Mas a importância e relevância de 29 de Julho para a sua história política, negativa ou positivamente, continua a ser indiscutivelmente óbvio O drama do dia 29 de julho há 49 anos, desencadeou uma série de eventos que levaram a algumas mudanças fundamentais na história do país. Foi o dia em que o primeiro chefe de Estado militar, o major-general Johnson Thomas Umunakwe Aguiyi-Ironsi, foi derrubado e que acabou por ser o mais sangrento golpe militar na Nigéria. Ironicamente, nove anos depois, quando o beneficiário do golpe de 29 de julho de 1966, o general Yakubu Gowon, foi afastado do cargo, o fato ocorreu sem derramamento de sangue.

Um blog muito interessante de título “The Yoruba blog” ou em Português “ O blog Iorubá”, publicou um artigo o qual transcrevemos abaixo e traduzimos, fazendo algumas observações, que julgamos didáticas, sobre a tradução.

 Começando pelo título do artigo Ìránti Aadọta Ọdún ti Ọ̀gágun Adékúnlé Fájuyi fi ara rẹ ji fún Àlejò rẹ, Olóri-Ogun àkọ́kọ́ Aguiyi Ironsi”, em Português poderia ser:  Celebração dos cinquenta anos da lealdade do Coronel Adekunle aos estrangeiros, sob o comando do General Aguiyi Ironsi

O texto em Ioruba segue assim:

“Yorùbá fẹ́ràn àlejò púpọ̀.  Ìwà ti ọmọ ilú lè hù ti yio fa ibinú, bi àlejò bá hu irú ìwà bẹ́ ẹ̀, wọn yio ni àlejò ni, ki wọn fori ji i.  Òwe Yorùbá ti ó sọ wi pé “Ojú àlejò ni a ti njẹ igbèsè, ẹhin rẹ la nsaán”.  Eyi fi hàn bi Yorùbá ti fẹ́ràn lati ma ṣe àlejò tó.

Ìbàdàn ni olú-ilú ipinlẹ̀ Yorùbá ni Ìwọ̀-Oorun Nigeria tẹ́lẹ̀ ki Ìjọba Ológun ti Aguiyi Ironsi ti jẹ Olóri tó kó gbogbo ipinlẹ̀ Nigeria pọ si aarin lẹhin ti wọn fi ibọn gba Ìjọba lọ́wọ́ Òṣèlú ni aadọta ọdún sẹhin. Lẹhin oṣù keje ni aadọta ọdún sẹhin, àwọn Ológun fi ibọn gba Ìjọba ni igbà keji.  Ti àkọ́kọ́ ṣẹlẹ̀ nigbati wọn fi ibọn lé àwọn Òṣèlú àkọ́kọ́ lẹhin òmìnira kúrò ni ọjọ́ karùndinlógún, oṣù kini ọdún Ẹdẹgbaalemẹrindinlaadọrin.  Lẹhin oṣù meje, àwọn Ológun tún fi ibọn gbà Ìjọba lọ́wọ́ àwọn Ológun ti wọn fi ibọn gbé wọlé ti Aguiyi Ironsi jẹ olóri rẹ.  Lára Ìjọba Ológun àkọ́kọ ti Ọ̀gágun Aguiyi Ironsi ti jẹ́ Olóri Ìjọba ni wọn ti fi Ọ̀gágun Adékúnlé Fájuyi jẹ Olóri ni ipinlẹ̀ Yorùbá dipò Òṣèlú Ládòkè Akintọ́lá ti àwọn Ológun pa”.

Acho didático dividir a tradução em partes para melhor compreensão da postura do povo Ioruba, com relação a estrutura de comunicação das ideias da ordenação gramatical dos elementos de linguagem assim como também da sintaxe: O primeiro parágrafo é relativamente simples (para quem está no nível intermediário) . Então, vamos direto para o segundo parágrafo:
 
Ìbàdàn ni olú-ilú ipinlẹ̀ Yorùbá ni Ìwọ̀-Oorun Nigeria tẹ́lẹ̀ ki Ìjọba Ológun ti Aguiyi Ironsi ti jẹ Olóri tó kó gbogbo ipinlẹ̀ Nigeria pọ si aarin lẹhin ti wọn fi ibọn gba Ìjọba lọ́wọ́ Òṣèlú ni aadọta ọdún sẹhin. Lẹhin oṣù keje ni aadọta ọdún sẹhin, àwọn Ológun fi ibọn gba Ìjọba ni igbà keji.  Ti àkọ́kọ́ ṣẹlẹ̀ nigbati wọn fi ibọn lé àwọn Òṣèlú àkọ́kọ́ lẹhin òmìnira kúrò ni ọjọ́ karùndinlógún, oṣù kini ọdún Ẹdẹgbaalemẹrindinlaadọrin.  Lẹhin oṣù meje, àwọn Ológun tún fi ibọn gbà Ìjọba lọ́wọ́ àwọn Ológun ti wọn fi ibọn gbé wọlé ti Aguiyi Ironsi jẹ olóri rẹ.  Lára Ìjọba Ológun àkọ́kọ ti Ọ̀gágun Aguiyi Ironsi ti jẹ́ Olóri Ìjọba ni wọn ti fi Ọ̀gágun Adékúnlé Fájuyi jẹ Olóri ni ipinlẹ̀ Yorùbá dipò Òṣèlú Ládòkè Akintọ́lá ti àwọn Ológun pa.
Vamos dividir em partes o segundo parágrafo, repetidno as partes em Iorubá para uma melhor análise:
i)             Ìbàdàn ni olú-ilú ipinlẹ̀ Yorùbá ni Ìwọ̀-Oorun Nigeria tẹ́lẹ̀ ki Ìjọba Ológun ti Aguiyi Ironsi ti jẹ Olóri tó kó gbogbo ipinlẹ̀ Nigeria pọ si aarin lẹhin ti wọn fi ibọn gba Ìjọba lọ́wọ́ Òṣèlú ni aadọta ọdún sẹhin.
 Ìbàdàn ni olú-ilú ipinlẹ̀ Yorùbá ni Ìwọ̀-Oorun Nigeria “Ibadan é (era) a capital do estado Ioruba do oeste da Nigéria (tẹ́lẹ̀ ki = antes) até a incursão militar (‘Ìjọba Ológun’ ) literalmente ‘reino militar’ liderada por Aguiyi Ironsi, que foi o Chefe (Olóri) que consolidou (‘tó kó gbogbo’ (transmite a ideia de imperativo, coercitivo” ipinlẹ̀ Nigeria (Estado da Nigéria) pọ si aarin (forçar ao centro) lẹhin ti wọn fi ibọn gba Ìjọba (pelas armas tomar o poder) (depois de ter tomado o governo mediante golpe militar) lọ́wọ́ Òṣèlú (das mãos dos políticos, quer dizer, do governo democraticamente eleito) ni aadọta ọdún sẹhin (há cinquenta anos atrás).
 Vamos dividir mais uma vez a segunda parte desse texto:
ii)            Lẹhin oṣù keje ni aadọta ọdún sẹhin, (depois de sete meses a cinquenta anos atrás) àwọn Ológun fi ibọn gba Ìjọba ni igbà keji (os militares deram um segundo golpe (contra-golpe)).   

iii)           Ti àkọ́kọ́ ṣẹlẹ̀ nigbati wọn fi ibọn lé àwọn Òṣèlú àkọ́kọ́ lẹhin òmìnira (Nesse tempo, quando do golpe militar que derrubou o primeiro governo democrático, depois da independência) kúrò ni ọjọ́ karùndinlógún, oṣù kini ọdún Ẹdẹgbaalemẹrindinlaadọrin (aconteceu no dia quinze de janeiro [(ọjọ́ karùndinlógún = dia 15), oṣù kini ọdún = janeiro mil e novecentos (Ẹdẹgbaale) e sessenta e seis (mẹrindinlaadọrin = 70 – 4 = 66).

iv)           Lẹhin oṣù meje, àwọn Ológun tún fi ibọn gbà Ìjọba lọ́wọ́ àwọn Ológun ti wọn fi ibọn gbé wọlé ti Aguiyi Ironsi jẹ olóri rẹ.

v)            Lára Ìjọba Ológun àkọ́kọ ti Ọ̀gágun Aguiyi Ironsi ti jẹ́ Olóri Ìjọba ni wọn ti fi Ọ̀gágun Adékúnlé Fájuyi jẹ Olóri ni ipinlẹ̀ Yorùbá dipò Òṣèlú Ládòkè Akintọ́lá ti àwọn Ológun pa.
 
 Deixamos as duas partes acima como exercício. Na semana que vem, estaremos analisando o texto: “Ìgbésí Ayé Aláwọ̀-dúdú Ṣe pàtàki” pé Àwọ Lè Yàtọ̀, Ṣùgbọ́n Ẹ̀jẹ̀ Kò Yàtọ̀ – “ A vida do negro é importante, a cor da pele pode ser diferente, mas o sangue é o mesmo”.

Referencias:

2.    Johnson Aguiyi-Iornsi: https://en.wikipedia.org/wiki/Johnson_Aguiyi-Ironsi (acessado em: 09/08/16)

Tuesday, July 19, 2016

Curso Presencial de Introdução a Língua e Cultura Ioruba-Nagô na Estácio – FIB 2016.2


Èṣù j òrìà kan pàtàkì ti a ńsin jákèjádò ilẹ̀ Yorùbá. Èṣù ni o lagbara jú nínú gbógbó iránṣ Ọlọ́run.

Tradução: Exú é um Orixá importante e adorado em toda a terra Iorubá. Ele ´o mais poderoso entre todos os servidores de Deus.

“Os primeiros europeus que tiveram contato na África com o culto do orixá Exu dos iorubá, venerado pelos fòn como o Vodun Legba ou Elegbara, atribuíram a essa divindade uma dupla identidade: a do deus fálico greco-romano Príapo e a do diabo dos judeus e cristãos. A primeira por causa dos altares, representações materiais e símbolos fálicos do orixá-vodun; a segunda em razão de suas atribuições específicas no panteão dos orixás e voduns e suas qualificações morais narradas pela mitologia, que o mostra como um orixá que contraria as regras mais gerais de conduta aceitas socialmente, conquanto não sejam conhecidos mitos de Exú que o identifiquem com o diabo (PRANDI, 2001, pp. 38-83) ”.

 

A Identidade é uma categoria efetivamente importante para compreendermos como o indivíduo se constitui, influenciando sua autoestima e sua maneira de existir. Neste sentido, é fundamental, para a compreensão da problemática do Afrodescendente, o conhecimento das formas pelas quais ele desenvolve sua identidade, principalmente em contextos sociais adversos, onde é discriminado.

Aproximadamente três milhões e meio de negros Africanos foram trazidos através do tráfico para serem escravizados no Brasil. Com a escravidão, as famílias e clãs dos povos africanos eram separados arbitrariamente. No Brasil, a religião católica lhes era imposta pelos senhores. É errôneo o conceito que prega ser a cultura africana-brasileira, uma “sobrevivência” que se mostrou mais efetiva nos centros urbanos e nas grandes fazendas de açúcar.

O presente curso, aberto a todas as pessoas interessadas na Cultura Geral Afro-brasileira, independente de raça, cor, credo, orientação sexual, opção política, etc., vem mostrar que, ao contrário do que se divulga, a cultura africana-brasileira é resultado de um diálogo permanente. Nesses locais havia maior concentração de escravos que se reuniam com seus povos de origem, dando continuidade a seus rituais e cultos de forma velada. A cultura foi mantida viva também pelo constante número de escravos que chegavam ao Brasil, trazendo a força das raízes ancestrais e tradições africanas. E a contribuição dos

“Retornados” (homens e mulheres que voltaram para a África, depois de abolida a escravidão) para o quadro cultural dos dois lados do Atlântico, é fundamental para a sobrevivência dessa cultura. Nesse sentido o candomblé se constituiu exemplo lapidar de organização de esforço.

Nesse contexto, a transversalidade nas políticas culturais se mostra importante. No caso dos terreiros de candomblé e das comunidades remanescentes de quilombos, por exemplo, a continuidade e a preservação de sua cultura são inseparáveis do seu território. Contudo é importante que se dê nota ao caráter de resistência desempenhado pelo Candomblé enquanto agremiação política de concentração de poder cultural papel esse “invisibilizado” pela postura eurocêntrica das elites brasileiras, que costumam restringir o Candomblé a condição de “prática religiosa pagã”, como parte do esforço permanente pela “demonização” das matrizes africanas. Entretanto é justamente o Candomblé que vai posicionar o conhecimento da Língua e da Cultura Ioruba- Nagô como suporte estratégico na luta pelo resgate da cidadania afrodescendente. É o conhecimento da Língua e da Cultura Iorubá que vai cimentar a identidade cultural diferenciada. É do Candomblé que surge a associação da Bahia com a prática Orixá e o diferencial positivo que essa associação traz em termos de dividendos turístico, políticos e culturais para essa terra, em troca do desprezo e da discriminação dos seus legítimos herdeiros em nome da manutenção de um status quo que coloca o Brasil como uma nação europeia distante da sua população afrodescendente, negando assim parte importante da sua herança de sangue e de cultura.

 

Curso de Introdução a Língua e Cultura Ioruba-Nagô

Modalidade: Presencial

Local: Centro Universitário da Bahia – Estácio FIB – Campus Gilberto Gil

            Rua R. Xingu, 179 - Jardim Atalaia, Salvador - BA, 41770-130

Inicio: 3 de agosto de 2016

Termino: 19 de outubro de 2016 [ao todo serão dez (10) encontros]

Horário: Das 18:00 as 20:00.


(Abrir sempre utilizando o navegador Internet Explorer).

Contatos: Profa. Thais Gualberto

Professor Adelson (98644-7753)